terça-feira, 29 de outubro de 2019

E as folhas continuam em branco

E as folhas continuam em branco


 E as folhas continuam em branco
 Porque não sou capaz de reter a vida
 Nas linhas de um papel pautado
 Não sou capaz de uma despedida
 Sem que antes tenha amado

 Para mim é preciso amar:
 O amor é o único motor
 Que me faz transformar a dor
 Em qualquer verso ruído
 Verso largado, verso puído
 Versar é mais do que eu preciso
 Uma ida ao paraíso
 E a volta pelo mar

 Encaro as folhas meio escritas
 Com tais palavras aflitas
 Nessa carência de confessar
 Fazer arte, fazer rima
 Talvez uma obra-prima
 Pra que eu possa descansar

 - Laura Barros Faganello

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Satisfaction

Satisfaction

Yes, I die a little bit more each time
You dive your eyes into mine
Oh, girl, please promise me
We will dance that close
For a lifetime

When you touch me with your hands
Like you always play the strings
I blush and burn like fire
Oh, girl, take me so far
Through the sound of your guitar

I could spend all my days
Just hearing the love songs you made
And never get tired
Of writing 'bout your body
And sinking in your voice
You are surely
My favorite choice
I don't need anything more

Oh, my heart flutters when she comes

- Laura Barros Faganello

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

À Maria, da Mouraria

 À Maria, da Mouraria

  Os teus olhos são a tabela
  De todos os meus crimes
  Teu corpo é a lista
  De todos os meus charmes
  Menina que dança na Mouraria
  Tu és um pedaço da minha loucura
  Mulher que faz fado triste
  Estremeço com tua voz
  Moça, minha Maria
  Deite-me no Tejo
  Portuguesinha da minha alma
  Tu me ensinas a dançar?

 - Laura Barros Faganello

 Peguei do Google algumas imagens do Bairro da Mouraria, em Lisboa:






Monólogo

 Monólogo

 Não quero mais ouvir falar de você
 (Você está bem? Como vai a vida?)
 Quero que desapareça
 (Como ficou depois da minha partida?)
 Não quero ouvir seu maldito nome
 (Só me responda, por favor!)
 Eu não acredito que tenha me amado
 (Em qual cama agora está seu amor?)
 Quero livrar meu corpo de suas mãos
 (Por que você é assim?)
 Quero desfazer minhas promessas
 (Por que fez isso a mim?)
 Quero esquecer qualquer alegria
 (Por que tudo isso fez?)
 Quero fingir que nunca existimos
 (Tenho medo de vê-lo outra vez!)
 Quero pular de um penhasco
 (Por quê? Por quê?...)

 - Laura Barros Faganello

A vida é uma ilusão que arde


 A vida é uma ilusão que arde

 A vida é uma ilusão que arde
 Que corrói, que permite o sentir total
 E como não basta ter calma
 Somos arrastados 
 Para longe

 Jogados em meio ao mar salgado
 Que não rende glórias como o de Pessoa
 Mas esmaga qualquer sonho mais grandioso
 E nunca retornaremos a Ítaca
  
 Amores, por que existem
 Se nunca serão como os de Vinicius?
 Arrebentam como os Florbela
 E não quero mais existir
 Senão para ser Clarice
 E gritar das entranhas

 Enquanto as ondas não me trazem de volta
 Vou engolir a água selvagem
 E às vezes remar, remar, remar...

 - Laura Barros Faganello

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Um apelo


 Um apelo

 Malditos sejam os dias que passam
 Na paz da minha alma calcinada
 Purificada pela injúria que a falta traz
 E deixa a mim o pouco, o nada

 Que horas hei de ver águas cristalinas
 Sem o sangue que escorre do corpo meu?
 Sem o inferno de odores amargos
 Oh, alma sã, por que de mim fugistes?

 Não me contenta mais um cigarro
 Fico sóbria sobre o parapeito
 Sentindo o sereno calado da noite
 E escutando as casas vazias ao longe

 Tampouco me contenta respirar
 E assim, seguro o ar ao máximo
 Prendo-o próximo ao coração
 E tento fazê-lo sentir qualquer tipo de sensação

 Pisoteio os caminhos de pedra
 Que rodeiam, transpassam, engolem o espaço
 Do centro da cidade iluminada, sonora
 Até os templos de meu espírito infeliz

 O relógio parou faz três meses
 E o tempo causou-lhe combustão
 Há uma semana apaguei o fogo
 Mas nada adianta, tenho a pele carbonizada

 Custa-me comprar ou tomar um vinho
 Mas a dor desce pela faringe correndo
 Deixando um embriago de álcool forte
 Do qual me livro apenas com fármacos

 Não perdoo qualquer célula viva
 Que habita a parte habitável do meu ser
 O espírito que elas detêm
 Clama por ar e liberdade
 Socorro, socorro!

 -Laura Barros Faganello






domingo, 8 de setembro de 2019

Espinhos de rosas

Espinhos de rosas


 Meu amigo,
 Leve tudo isso de mim:
 Todo amor que eu não soube dar
 E pelo qual não fui capaz
 De lutar

 Dê-me um pouco de paz
 Um pouco de brisa marinha
 Para acalmar a vida minha
 E cuidar do que perdi de mim
 E seguir com o que sobrou de nós:
 Lembranças

 Traga-me um bom vinho
 Não que eu beba
 Mas por favor, deixe que eu me embriague
 E vista a roupa de rosa
 Sem sentir os espinhos
 Mas tocando as pétalas do amor
 Que ainda vive
 E precisa partir

 - Laura Barros Faganello

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O que queres que eu te faça?

 O que queres que eu te faça?
 Que deixe minhas mãos bravas?
 E assim toque o teu corpo
 Largando minhas palavras?

 Como achas que me sinto
 Reprimindo os meus versos?
 É tão triste te escrever
 Sentimentos tão perversos!

 Talvez esteja enganada
 Ao julgar-te, incoerente
 Pensando que te forço a ler

 Mas fico desanimada
 Quando rimo, tão contente
 E pareço não valer

 - Laura Barros Faganello

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Diga-me, por favor - 14/06/2018

  Diga-me, por favor


  Diga-me, rosa ou jasmim,
  Se o mundo está contra mim
  Diga, linda margarida,
  Se verei sua partida

  Diga-me, lírio do vale
  Que me amas, ou se cale
  Diga-me, lírio silvestre,
  Se me amas o seu mestre

  Diga-me, vento veloz,
  Se o meu grito feroz
  Terá ouvido a pessoa

  Diga-me, pedra mortal,
  Se o meu grito fatal
  No ouvido dele ressoa.

  - Laura Barros Faganello - 14/06/2018

segunda-feira, 8 de julho de 2019

Pétala viva e branca

 Pétala viva e branca

  Mastiga bem a pétala viva
  Imperial, suave e colorida
  Sente o sabor na língua
  De sua mágoa nutritiva
  Acumulada nesta vida

  Sente todo o cheiro forte
  Que a branca pétala exalar
  O perfume de dor
  Da busca pela morte
  E da incerteza de amar

  A pétala que caiu da flor
  Perdeu seu vínculo sagrado
  Aproveita e tritura-a toda
  Para não mais sofrer de amor
  Nem sofrer por este prado

  Pobre pétala, santa branquidão
  Morre triturada pelos dentes
  E é muito melhor que viver
  Sentindo toda a rouquidão
  Que a dor bem escolher

 - Laura Barros Faganello

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Leitura

 Leitura

  Quero ler todo teu corpo
  Escrever nas linhas do teu cabelo
  Rimar a leveza dos teus dedos
  Citar o breu dos teus olhos
  Explorar os teus segredos

  Navegar teu sorriso amigo
  Retratar tua orelha macia
  Por que fazes isto comigo?
  Por que completas minh'alma vazia?

  Não sei dizer se és um anjo
  Ou o pecador mais lascivo
  Sem saber, venho e me arranjo
  No teu olhar atrativo

  Tuas histórias compõem minha estante
  De livros, sonhos e contos
  Teus beijos em cada instante
  Fazem deste um poema pronto

  -Laura Barros Faganello

E as folhas continuam em branco

E as folhas continuam em branco  E as folhas continuam em branco  Porque não sou capaz de reter a vida  Nas linhas de um papel pautado  N...